segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Vocação: Professora - Parte 1

 

Foi amor à primeira vista!

Tinha 9 anos quando tia Tereza entrou na nossa sala da 3ª série para dar aulas de Inglês.

Quase não consegui prestar atenção na professora pois não conseguia desgrudar os olhos daquelas palavras com sons que pareciam música, aos meus ouvidos... 

Foi naquele dia, naquele momento, que decidi que seria professora de Inglês e estaria para sempre em contato com aquele idioma tão misterioso e fascinante.

Persegui este sonho incansavelmente por quase 20 anos e quando finalmente pisei pela primeira vez em uma sala de aula, todo glamour, expectativas e planejamentos caíram por terra...

A faculdade não tinha me preparado para aquela realidade.  As aulas de prática de ensino sequer tinham dado uma noção do que acontecia em sala de aula.

Era frustrante e muito desafiador ser docente naqueles tempos.  Não há maior tortura para um professor do que ensinar aquele que não quer aprender!

Enfim, eu segui meu caminho, matando alguns leões por dia e já estava há 12 anos no setor particular, lecionando para adolescentes quando fiz concurso público para a Prefeitura do Rio.  

Em agosto de 2010 tomei posse como docente no município para lecionar Inglês em turmas de 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental 1.  Eram crianças de 6 a 10 anos, na teoria.

Aí sim conheci o verdadeiro hospício! Nada se comparava aquela situação.

Muitas vezes chorei nos corredores da escola, entre uma aula e outra, por me sentir impotente e sozinha em uma realidade tão dura e chocante.

E muitas outras vezes me perguntei se exonerar não seria o caminho mais coerente para preservar minha integridade mental.

No entanto, minha condição financeira não permitia que eu abandonasse o cargo público.  Estava separada e tentando superar um monte de dificuldades. 

Sendo assim era obrigada, pelas circunstâncias, a ficar na escola pública.

Comecei a sofrer da “Síndrome do Fantástico”.

Sempre que tocava a música de abertura do programa, meu coração apertava e sentia uma tristeza profunda.

Me arrepiava só de lembrar que teria que encarar mais um dia de estresse, enfrentamentos e gritaria na escola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário